segunda-feira, 21 de março de 2022

Poesia

 Onde nasce a poesia?

 De que se vale a poeta

 Para estancar a agonia?


 Das lutas travadas?

 Das guerras perdidas?

 Das vontades em sulcos 

 Nas terras aradas?


 Nasce ao ritmo das ondas

 Batendo sem cessar 

 Nasce como cura

 Repetindo o coração 

 Em  seu  pulsar


 Nasce como vazante 

 Extravasando letra a letra

 Aquilo que a alma

 Acumulou e que requer

 Desapegar

  

 

terça-feira, 30 de junho de 2015

Salva.

Mil vezes agradeço à palavra,  a mim apresentada em salva da mais pura matéria, embora não tenha feito dela - palavra- o bom uso que merece.

Disse em outro escrito que a palavra é norma, mas que é também alforria. Liberta sou continuamente pelo verbo que me salva da total inaptidão.

Sou verbo e carne. Verbo e pele. Verbo e vísceras. Verbo e células. Sou verbo e emoção, principalmente.

O silêncio, para alguns, sábio, para mim é remédio amargo. Engulo de uma só vez e travo. Faço exceção, somente,  ao silêncio partilhado em sagradas ocasiões.

Quero mesmo sorver palavras doces. Derretê-las como pedras de açúcar que são.

Quero-as em vermelho e preto. Em branco que é paz; em verde que é esperança e é sorte; em céu azul; em lilás.

Desejo o vocábulo como chocolate quente ou café aquecendo língua, garganta e coração.

A palavra pode levar-me à dor, mas, principalmente, cura-me de todas as dores do mundo.

À palavra, minha ou de outrem, concedo a mais sincera gratidão.

Evelyne Furtado
Natal, 11 de abril de 2011.